Nas ondas do rádio
Dois queridos amigos e, por isso, suspeitíssimos: o jornalista Alexandre Alfaix e o cantor Marcelo Barra, comentam um tanto surpresos ou espantados em como tenho facilidade com as letras da (boa) música brasileira. Sempre que nos reunimos e o encontro inclui cantoria, são raras as canções que não conheço de cabo a rabo. E quando perguntam sobre tal característica, é claro que digo de minha facilidade em guardar letras, pois o meu maior encantamento é a palavra. Mas, credito meu ‘repertório’ considerado vasto e um tanto elaborado ao bom e velho(?) rádio! Este veículo de comunicação fabuloso, que sempre fez e faz parte de minha rotina. Na casa onde vivi minha infância e adolescência, a música sempre foi muito presente, principalmente por meio do rádio. Tínhamos, meus irmãos e eu, em todas as manhãs, a companhia de Zé Bettio, que insistia: “Dona de casa, joga água nas crianças. Água na turma, vai! Está na hora da escola!” Chuáááá... Era o som da ‘água’, que nos despertava para mais um dia. Depois das aulas, a Rádio Morrinhos AM (1460), era companhia certa e passava a tarde toda, trazendo muita música e informação. Como até hoje diz minha mãe: vamos ligar o rádio e saber das novidades, do que acontece em Morrinhos, quem nasceu, quem morreu... Uma das vozes mais marcantes do rádio morrinhense foi, sem dúvida, a de Chico Flor. Comunicador que falava a língua do povo e, entre uma música e outra, dava o recado: “Alô Fazenda Areia, o Joaquim avisa que a Marlene deu a luz a um meninão. Mãe e filho passam bem!” Chico foi o primeiro artista que conheci. Explico: os locutores de rádio eram considerados artistas e povoavam a imaginação de qualquer ouvinte. Meu queridíssimo tio José Luiz Domiciano (relojoeiro), já falecido, era parente de Chico e nos levou, por