Narrativas Infantis
De acordo a concepção estabelecida por Gilbert Durand, a teoria antropológica do imaginário consiste em estudar o modo como as imagens são produzidas, transmitidas pela mente humana e como são representadas nas relações sociais. A integração social do indivíduo ocorre através de relações simbólicas socialmente convencionadas. Portanto, a função pedagógica consiste em compreender o indivíduo e integrá-lo neste universo de representações sociais. Para Durand, essa dinâmica é denominada de “trajeto antropológico”, onde há uma constante relação de troca entre o imaginário subjetivo e as representações objetivas que surgem do meio cósmico e social. Durand (1989, p. 21) esclarece:
[...] todo imaginário possui sua carga simbólica que nada mais é que a potência constitutiva que coordena o pensamento a nunca poder intuir objetivamente uma coisa, mas a integrá-la imediatamente num sentido. E mais, a presença inelutável do sentido faz que, para a consciência humana, nada é simplesmente apresentado, mas tudo é representado.
Neste aspecto, o símbolo é uma via no qual o sentido se manifesta e se concretiza. Segundo Durand (1988), isso acontece de duas formas, direta e indiretamente. De forma direta, “quando o objeto lhe é perceptível ou sensível e a maneira indireta, quando o objeto se encontra ausente (na consciência) ou pela impossibilidade de reproduzi-lo fielmente, podendo o objeto tornar-se presente através de imagens”.
Portanto, a imagem não é necessariamente produto do imaginário, mas ambos se constroem mutuamente. “Mediados pelo pensamento cognitivo, imagem e imaginário se reconhecem à própria medida que se concretiza, um é a própria existência do outro; confere-se o imaginário pela imagem e vice-versa.” (Ferrara, 2000, pg. 116).
Para a criança, o desenho é uma forma indireta que serve para expressar as suas experiências e concepções. Segundo Alexandre Dias Ramos:
“O papel do desenho na infância é desenvolver a percepção da criança em relação às