Narrativa e literatura

Segundo Hayden White (1991), as narrativas são produtoras de um espetáculo, assim, podem ser consideradas como um modo de transmitir representações. Para ele, as culturas dispõem de inúmeros gêneros de narrativas para transmitir mensagens. Sendo assim, o texto artístico possui muito mais informação do que o científico por possuir mais códigos, mais níveis de codificação e por conter a subjetividade do narrador em seu corpo. Podemos pensar, então, que esses discursos são constituídos de vários códigos que são entrelaçados por quem narra, e caracterizam o seu talento artístico e de mestre do saber
Este trabalho parte do pressuposto de que a literatura dos escritores locais são produções simbólicas que trazem as referências dos lugares, pessoas e grupos os quais constituem um conjunto de relações de sujeitos envolvidos. Esses livros traduzem os sentimentos locais e têm o papel de circular esses saberes (RODRIGUES, 2006), (JACINTO, 2003). Em termos mais específicos, a pesquisa direcionou a análise para as obras de Valdon Varjão, um escritor local que escreve sobre o “Vale do Araguaia”, mais especificamente centrada na cidade de Barra do Garças. Essa escolha literária foi a “via de acesso” escolhida para a compreensão de um modo de construção simbólica dos lugares, forjado pelos escritores locais e permitiu discutir teoricamente as diferentes dimensões do diálogo da Literatura com a Antropologia.
A cidade de Barra do Garças, em termos geográficos está situada numa região de fronteira entre os estados de Mato Grosso e Goiás, à foz do rio Garças, afluente do rio Araguaia. Sua localização na divisa com o município de Aragarças-GO através do rio Araguaia, e com a cidade de Pontal do Araguaia-MT devido ao rio Garças é cercada de simbolismos. Essas cidades estão inseridas na região nomeada de “Vale do Araguaia” que traz ao longo de sua formação, eventos históricos importantes que repercutiram nacionalmente. Esses acontecimentos são tratados na literatura de Valdon Varjão