Narrador
EXERCÍCIOS SOBRE O NARRADOR
Identificar o tipo de narrador predominante em cada texto e justificar a classificação atribuída, levando em conta prioritariamente a classificação proposta por Norman Friedman.
TEXTO I
Fui para casa impressionado com a história dos milagres. De noite, na cama, continuei pensando no filme, sem conseguir dormir. O que me intrigava era a espécie de milagres que o homem pedia: tudo bobagem, a bengala virar árvore, salvar o mundo, coisas assim. Comigo, seria diferente. Eu haveria de pedir ouros milagres. Como por exemplo [...]
(Fernando Sabino. O menino no espelho)
Narrador: Narrador-Protagonista, pois a história é narrado por um EU, e os acontecimentos envolvem o personagem principal.
TEXTO 2
— Parece que começamos a lua-de-mel.
— Parece e é, acrescentou Azevedo; e se o casamento não fosse eternamente isto, o que poderia ser? A ligação de duas existências para meditar discretamente na melhor maneira de comer o maxixe e o repolho? Ora, pelo amor de Deus! Eu penso que o casamento deve ser um namoro eterno. Não pensas como eu?
— Sinto, disse Adelaide.
— Sentes, é quanto basta.
— Mas que as mulheres sintam é natural; os homens...
— Os homens, são homens.
— O que nas mulheres é sentimento, nos homens é pieguice; desde pequena me dizem isto.
— Enganam-te desde pequena, disse Azevedo rindo.
— Antes isso!
— É a verdade. E desconfia sempre dos que mais falam, sejam homens ou mulheres. Tens perto um exemplo. A Emília fala muito da sua isenção. Quantas vezes se casou? Até aqui duas, e está nos vinte e cinco anos. Era melhor calar-se mais e casar-se menos.
— Mas nela é brincadeira, disse Adelaide.
— Pois não. O que não é brincadeira é que os três meses do nosso casamento parecem-me três minutos...
— Três meses! exclamou Adelaide.
— Como foge o tempo! disse Azevedo.
— Dirás sempre o mesmo? perguntou Adelaide com um gesto de incredulidade.
(Machado de Assis. Linha reta e linha curva)