Narcisismo e psicologia de grupo

Introdução O presente trabalho objetiva principalmente revisar os conceitos relacionados ao narcisismo em Freud, apontando a função desse processo na constituição do eu enquanto objeto de investimento libidinal, bem como sua base no processo de identificação e da relação do narcisismo com a escolha amorosa. A partir dessa revisão busca-se fazer uma breve relação com a psicologia de grupos em Freud, abordando em especial o os laços libidinais limitadores do narcisismo que mantém a coesão grupal, assim como aspectos mais negativos do narcisismo nos grupos e instituições como abordado por Zimerman no livro “Como trabalhamos com grupos” e por Enriquez em “A instituição e as instituições”.

O conceito de narcisismo O texto introdução ao narcisismo surge em um momento de ruptura da teoria psicanalítica freudiana em relação aos principais até então discípulos da teoria psicanalítica – Jung e Adler – vindo como resposta à insistência desses, em espeial Jung, em criticar Freud no que tange à centralidade da sexualidade no funcionamento do psiquismo. A partir de então a psicanálise adentra em novas formulações teóricas, podendo-se citar como central a mudança do eu de instancia deslibidinizada passa então a objeto de investimento libidinal (Drubscky, 2008). O eu apresenta-se, nesse contexto, enquanto uma função organizadora das pulsões parciais que se apresentam no indivíduo até então, de forma a unificá-las e limita-las, permitindo por meio dessa restrição que o homem possa de fato ser definido como humano, agindo de forma mais adaptativa, não apenas puramente em função do prazer – que enquanto finalidade das suas ações diferencia o homem dos demais animais, mas se não limitado e organizado, acaba por consumi-lo (Houser, 2006 citado por Moura, 2009). Elia (1995, citado por Moura, 2009) apresenta o narcisismo enquanto um processo no qual o indivíduo se identifica com a imagem do seu corpo, admitindo-a como sendo de fato sua, se identificando, assim, com ela. Dessa