Narcisismo: questionamentos e reflexões sobre a sua dinâmica no funcionamento psíquico
A motivação para estudar sobre o tema do narcisismo e suas implicações no processo terapêutico originou-se do trabalho que desenvolvo na clínica, da necessidade de compreender possíveis fatos geradores desse tipo de funcionamento psíquico, bem como da tentativa de buscar respostas para questões que me inquietam e me desacomodam.
Cada vez mais na atualidade, o conceito de narcisismo passa a ter destaque, provavelmente devido à demanda de pacientes com funcionamento primitivo e portadores de sintomas a ele relacionados. Esse comportamento se manifesta no cotidiano das relações, nas chamadas patologias sociais e também na relação terapêutica envolvendo a dinâmica da transferência e da contratransferência. Há questionamentos e reflexões acerca do tema do narcisismo que podem nos acompanhar a vida inteira, muitas delas sem respostas elucidativas.
Pessoas nos causam perplexidade e incompreensão pela forma como se revelam por um lado queixosas, desvalidas, desmerecedoras de atributos, deprimidas, vítimas da sociedade ou por outro lado grandiosas, revestidas de poder fantasioso, ditadoras, de opiniões transformadas em lei.
Cataldo Neto define o transtorno da personalidade narcisista como caracterizado por um padrão invasivo de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia, que começa na idade adulta e está presente em uma variedade de contextos. Indivíduos narcisistas são caracterizados por fantasias irreais de sucesso e senso de serem únicos, hipersensibilidade à avaliação de outros, sentimentos de autoridade e esperam tratamento especial. Frequentemente apresentam sentimento de superioridade, exagero de suas capacidades e talentos, necessidade de atenção, arrogância e comportamentos autorreferentes. Exibem exagerada centralização em si mesmos, geralmente acompanhada de adaptação superficialmente eficaz, adaptam-se às exigências morais do ambiente como preço a pagar pela admiração; porém, tem sérias distorções em