Nao sei de nada e de tudo sei

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O célebre sábio antigo, Sócrates, nem sempre havia sido conhecido por sábio. De fato, chegou a servir como soldado e constituir família, como tantos outros atenienses. Foi somente quando leu no oráculo em Delfos o "conhece-te a ti mesmo" que teve um insight, uma iluminação interior, e resolveu dedicar o final de sua vida ao autoconhecimento.

Porém, me parece interessante que não tenha se isolado para se autoconhecer, tanto oposto disso: preferiu dialogar com jovens atenienses, e através desses diálogos pôde não somente conhecer-se melhor, mas também aprender a complexa arte de julgar "quem é sábio, e quem apenas se julga sábio".

Frequentemente, os ditos "sábios" se entrincheiram no cume de sua suposta sabedoria, e passam a atacar todos aqueles que, ao aproximar-se, demonstram certa ignorânica. Dizem eles: "Você não é digno de estar entre nós, é muito ignorante." - "Vá estudar o básico de filosofia, ciências e política, depois retorne." - "Para mim é um suplício ter de dialogar com alguém tão ignorante." - ou ainda "você está além de qualquer salvação, nunca poderá ser um sábio como nós."

Ora, e o que Sócrates descobriu? Que os ditos "sábios", nada mais eram que seres cheios de idéias pré-concebidas, ou tanto pior, conceitos monolíticos que não admitiam diálogo, verdadeiros dogmas das idéias... Descobriu que para ser realmente sábio, era preciso aprender a compreender as diversas formas nas quais a sabedoria se apresenta: no olhar atento de um jovem ainda livre de preconceitos, nas sutis e harmônicas leis da Natureza, no conceito de se estar sempre ao mesmo nível de todos - não por ser igualmente ignorante, mas antes por ser o mais interessado em aprender com tudo a sua volta...

O tão criticado "tudo que sei é que nada sei", portanto, é apenas uma fórmula para que possamos nos harmonizar com o brilho dos outros, se for o caso. Caso nossa sabedoria brilhe muito a primeira vista, pode assustar, afinal todos os ditos "sábios" costumam tratar aos

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