NAGEL, T. Uma breve introdução à filosofia
OUTRAS MENTES
“Há um tipo especial de ceticismo que continua a ser um problema mesmo que você admita que sua mente não é a única coisa que existe – que o mundo físico que você aparentemente vê e sente ao seu redor, até mesmo seu próprio corpo, de fato existe. Trata-se do ceticismo quanto à natureza ou mesmo quanto à existência de outras mentes ou experiências além da sua.” (p.19) “A única experiência que você pode ter, na verdade, é a sua própria: se acredita que existe alguma vida espiritual nas outras pessoas, essa crença se baseia na sua observação do comportamento e da constituição física delas” (p. 20)
“A única relação que você já observou entre um tipo de sorvete e um certo sabor se deu em você mesmo; assim, o que o leva a pensar que correlações similares são válidas também para os demais seres humanos?” (p.20) “(...) pode-se admitir aqui um certo grau de incerteza. A correlação entre estimulo e experiência pode não ser exatamente igual para cada um: a experiência de cor ou saber de duas pessoas que provam o mesmo tipo de sorvete pode apresentar ligeiras variações.” (p.22)
“Você poderia dizer, contudo, que as diferenças não podem ser assim tão radicais, pois, do contrário, poderíamos percebê-las.” (p.22) “O único exemplo da correlação entre mentes, comportamento, anatomia e ocorrências físicas que você já observou diretamente é você mesmo. Mesmo que as outras pessoas e os animais não tivessem nem uma única experiência, nenhuma vida mental interior, mas fossem apenas máquinas biológicas sofisticadas, ainda assim teriam para você exatamente a mesma aparência.” (p.23)
“Sua convicção de que existem mentes nesses corpos, visão por trás desses olhos, audição nesses ouvidos etc. é instintiva.” (p.24)
“Acreditamos, de maneira geral, que os outros seres humanos são conscientes, e quase todos acreditam que os demais mamíferos e