nada
No segundo quarteto, ainda mantendo essa dúbia visão no encadeamento de elementos contraditórios, há uma demonstração velada de que nem tudo é confiável nesse novo mundo. Mesmo com os avanços do homem sobre a natureza, é guiada por um cego. Não há exata iluminação e diz no próximo verso: “E no que valho mais menos mereço”. O que nos possibilita certo desmonte: no que o poeta mais vale, menos merece; ou no que vale, mais menos merece. Os tercetos finais, sob o regimento das contradições e paradoxos, o poeta é estado de dúvida, tanto quer a mudança, mas quer o estável, o imóvel (”Qu’ria poder mudar-me, e estar quedo”) e criatura de desejo não consegue desenovelar-se da condição, demonstrando com algum pesar “Tais os extremos em que triste” vive. É a antecipação de uma discussão com o tempo dentro do próprio tempo, é o poeta falando de dentro a angustiosa condição em que o homem foi empurrado pela evolução da razão.
/////////////////////////////////////////////////////////////////// Síntese das características literário-estilísticas da lírica camoniana
Delimitação cronológica
A lírica camoniana insere-se na chamada época clássica da literatura portuguesa (1526,regresso de Sá de Miranda da sua viagem a Itália – inícios do século XIX).
Lírica camoniana
Na lírica camoniana coexiste a poética tradicional e o estilo renascentista.
Características da corrente tradicional
As formas poéticas tradicionais: cantigas, vilancetes, esparsas, endechas, trovas...
Uso da medida velha: redondilha menor e