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No Brasil, a síndrome de origem ocupacional, composta de afecções que atingem os membros superiores, região escapular e pescoço, foi reconhecida pelo Ministério da Previdência So¬cial como Lesões por Esforços Repetitivos (LER), por meio da Norma Técnica de Avaliação de Incapacidade (1991)1 . Em 1997, com a revisão dessa norma, foi introduzida a expressão Distúr¬bios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).
A instrução normativa do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS)2 usa a expressão LER/DORT para estabelecer o conceito da síndrome e declara que elas não são fruto ex¬clusivo de movimentos repetitivos, mas podem ocorrer pela permanência de segmentos do corpo em determinadas posi¬ções, por tempo prolongado. A necessidade de concentração e atenção do trabalhador para realizar suas atividades e a pressão imposta pela organização do trabalho são fatores que interferem significativamente para a ocorrência da síndrome2. Na década de 1990, houve um crescimento acelerado dos casos no Brasil; o que antes parecia uma síndrome isolada, causada pela susceptibilidade do trabalhador exposto a riscos, transfor¬mou-se numa epidemia. Esse crescimento pode ser atribuído ao processo de reestruturação produtiva, que trouxe a preca¬rização do trabalho, e ao reconhecimento social da LER, que se deu pela criação da Norma Técnica em 19913. É importante destacar que as LER/DORT têm origem multifatorial e que a imprecisão diagnóstica dificulta o processo de associação entre o adoecimento e o histórico profissional do trabalhador que apresenta os sintomas4. Para aumentar a complexidade dos casos, as crenças e o próprio comportamento do doente exercem influências marcantes sobre a dor, a incapacidade e o resultado do tratamento.
Diante desse quadro, alguns profissionais chegam a levan¬tar a hipótese de ganho secundário ou comportamento exage¬rado do paciente diante da doença5. Entretanto, a possibilidade de ganho secundário é descartada por vários autores, uma