Nada
(Autor: Antonio Brás Constante)
Outro dia deparei-me com um novo conceito, criado por Marcelo Bohrer, e denominado por ele de: Nadismo. Passei então a divagar, assim, bem devagar, sobre o assunto. Pelo que entendi, o nadismo seria a eterna busca pelo nada, e não encontrando nada estaríamos no caminho certo para chegar ao nadismo.
Podemos imaginar que o nadismo é algo muito anterior ao homem, aliás, ao próprio universo, já que tanto a teoria científica quanto à religiosa afirmam que antes da criação ou do Big Bang, não existia absolutamente nada. Ou seja, o nada já reinou de forma soberana até ser invadido pelo tudo (composto de muito vácuo, salpicado com alguns insignificantes punhadinhos de matéria) do qual fazemos parte, perdendo literalmente seu espaço para o espaço que nos cerca.
A prática do nadismo está sendo cada vez mais difundida (e quem sabe até mesmo confundida, como provavelmente estou fazendo agora), tanto que o autor apareceu inclusive no programa do Jô Soares (um dia chego lá... ou não), dando de presente um livro todo em branco ao apresentador (vale lembrar que aquilo foi apenas uma brincadeira, pois o livro sobre o nadismo tem conteúdo escrito). Penso que mesmo um livro em branco seria apenas um nadismo parcial, pois apesar de faltarem às palavras, ainda existiria a capa, as folhas de papel vazias, etc, mas é interessante imaginar alguém perguntando: “Sobre o que fala o tal livro?”, onde a resposta mais óbvia seria: “sobre nada...”.
Caso o nadismo ganhasse ares de religião, poderia transformar-se em uma ótima desculpa para todos aqueles empregados que vivem ociosos pelas empresas, e quando questionados por seus chefes sobre o que estariam fazendo, poderiam responder abertamente que não estavam fazendo nada, sem que isso comprometesse seus empregos, já que estariam apenas exercendo suas crenças (acessar a internet continuaria sendo proibido mesmo assim).
Diferente da meditação que auxilia muitas pessoas a