Nada a ver
Embora seja comum a distinção entre desenvolvimento e crescimento econômico, eu não creio que ela seja útil para a compreensão do fenômeno a não ser que limitássemos co conceito de crescimento aos processos de crescimento da renda per capita em países periféricos com economia de tipo enclave, como alguns produtores de petróleo, nos quais a renda per capita cresce mas a economia não muda de estrutura, a produtividade não cresce, e, de fato, não existe desenvolvimento econômico. Entretanto, geralmente se usa essa distinção de forma normativa para distinguir o desenvolvimento econômico que seria ‘bom’, do crescimento que seria concentrador de renda ou adverso ao meio ambiente. Ora, há um número imenso de casos de processos reconhecidamente de desenvolvimento econômico nos quais há crescimento da renda per capita, da produtividade, dos salários e dos padrões de vida, mas acompanhado de substancial concentração de renda e por desrespeito à natureza.
Portanto, de um ponto de vista histórico – que é aquele que adoto – a distinção referida cria antes confusão do que esclarece o problema que queremos estudar. O que é importante, em relação a esse problema, é ter claro que o desenvolvimento econômico é apenas um dos objetivos políticos das sociedades modernas, e, portanto, que há outros tão ou mais
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importantes que ele como a liberdade, a paz ou a segurança, a justiça social, e a proteção da natureza. Considero, portanto, desenvolvimento econômico e crescimento duas expressões sinônimas.
Desenvolvimento sem o adjetivo econômico poderá ser algo mais amplo e melhor, poderá ser uma palavra para exprimir um conceito correlato ao de progresso. Desenvolvimento econômico implica não apenas aumento da renda per capita mas transformações estruturais da economia. Schumpeter (1911) foi o primeiro economista a assinalar esse fato, quando afirmou que o desenvolvimento econômico implica transformações estruturais do sistema econômico