nada provem do nada
"0 conceito de evolução não se aplica à arquitetura, porque em nossa profissão só existe metamorfose. " (Alberto Sartoris)
"Para saber escrever é preciso saber ler" (Jorge Luis Borges)
Neste momento em que cresce de importância a discussão sobre os valores essenciais da arquitetura moderna, tal como é entendida e praticada no Brasil, é talvez oportuno discutir um assunto que diz respeito a todo aquele que, como arquiteto, ou em outras atividades, se dedique a criar ou qualificar espaços para abrigar atividades humanas. Esse assunto tão importante refere-se às maneiras como aqueles espaços ou objetos que os qualificam ganham suas formas.
No Brasil, a maioria dos arquitetos egressos das universidades depois da Segunda
Guerra Mundial tiveram uma formação arquitetônica estruturada nos moldes do sistema estabelecido pela Bauhaus. Essa escola alemã, um dos vários desdobramentos que se seguiram à reação ao ecletismoé revivalismo que caracterizaram a segunda metade do século XIX em toda a Europa, tinha entre suas principais características pelo menos duas que influenciaram significativamente o ensino e a prática da arquitetura no Brasil até o passado recente, e ainda se fazem sentir com muita intensidade. A primeira delas é o desencorajamento ao estudo da história da arquitetura. A maior evidência disso é a ausência de cursos de história da arquitetura e de análise de precedentes no currículo da Bauhaus. No Brasil, isso se refletiu no ensino ministrado nas universidades e na limitada cultura arquitetônica apresentada pela grande maioria dos arquitetos brasileiros atualmente; quando muito, conhecem-se superficialmente os `mestres' do modernismo.
A segunda característica herdada da Bauhaus, estreitamente ligada à primeira, é a noção romântica de que o arquiteto pode e deve criar sempre obras originais, sendo condição sine qua non para isso o afastamento de quaisquer influências