Nacionalismo português: a que veio e para onde os levou
Considerando que o nacionalismo, enquanto ideologia, só existiu a partir da implantação do liberalismo e da industrialização, analisemos como este ocorreu em Portugal. Anteriormente à implantação destes fenômenos, a formação de um sentimento nacional, que este se começou a formar quase desde o início da nacionalidade, ajudado pelas características do processo de construção da nação portuguesa salvo algumas especificidades pontuais, insere-se na história das nações do ocidente europeu, seguindo sua evolução geral. Entretanto, a consolidação do nacionalismo no léxico português oitocentista levaria algum tempo para que se efetivasse. Como podemos ver em Matos (2008): A frequente indiferenciada entre os conceitos de pátria, Estado e nação, que se observa na historiografia oitocentista (com raras exceções como as de Herculano), contribuiu para a mescla daquelas questões que hoje são consideradas de um modo distinto. (MATOS, 2008, p. 19) Não seriam ainda fornecedores de ideologia, em um mesmo sentido que esta viria a adquirir no século XIX, mas teriam, sem dúvida, contribuído à criação de um conjunto coerente de ideias e crenças que estiveram na base da criação da identidade e do sentimento nacional português. O nacionalismo emocional, patente na glorificação de grandes símbolos do passado da nação, começava a tomar conta das mentes e das ações de muitos portugueses. Primeiramente dos intelectuais, mais tarde disseminando-se ao restante da população. Surgiu, então, pela primeira vez de forma consistente, o culto à figura de Camões. Segundo Barros (2010): Não por acaso, houve então um oportuno revivalismo camoniano: o morgado de Mateus publicou a sua célebre nova edição correta de Os Lusíadas (1817) e o músico João Domingos Bontempo compôs o Requiem à Memória de Camões (1818) Idem, ibidem. (BARROS, ) Isto se deu durante a fase popular do nacionalismo, no final do século reaproveitado pelos