"Na Colônia Penal” e uma abordagem da representação literária – mais alegórica – das relações de poder.
O conto “Na Colônia Penal” de Franz Kafka possui a alegoria como figura de linguagem, onde o significado é encontrado dentro de abstrações. Este tipo de linguagem, comum ao o pensamento intelectual pós-modernsta, apresenta lições de moral como forma de alegoria, representando situações a partir de artifícios que significam alguma coisa por meio de outras coisas.
Em seu conto, Kafka nos remete a uma reflexão sobre os regimes ditatoriais, onde um indivíduo, ou um pequeno grupo de indivíduos, possuem todo o poder, ignorando a estrutura jurídica do país. Na Colônia Penal, um visitante é convidado a ver como funciona o processo de tortura e execução dos “fora da lei”. O estrangeiro estranha o método de punição presente na colônia, mas se sente na obrigação de concordar com todo o processo devido ao fato do oficial dizer que precisa de sua aprovação para que o método seja mantido pelo novo comandante. ‘Na Colônia Penal’ aborda não só uma instituição, mas a realidade da pena de morte e a maneira como ela é aplicada, muitas vezes, com extrema crueldade. A máquina desenvolvida pelo ex-comandante da colônia é detalhadamente descrita, causando sensação de horror e assombro aos leitores. Isso porque o leitor percebe um homem dedicar sua vida ao instrumento de tortura, com paixão e convicção inabalável. Tal máquina de tortura possui agulhas presas a um rastelo, ligado a uma máquina que desliza sobre o corpo do condenado, que permanece imobilizado, escrevendo sua sentença nas costas dele. O sangue proveniente da tortura era misturado com água e jogado para o fosso. Ou seja, a tortura se dava de forma lenta e sádica, onde o condenado não tinha o direito de saber nem ao menos o motivo de sua condenação. O juiz oficial, ao perceber que não conseguira o apoio do estrangeiro e nem do novo comandante,