Na cisjordânia, até a água é uma arma
Quando as torneiras correm, é preciso fazer provisões de água para beber, para o gado e, se sobrar, para as plantações. “Quando estamos conectados”, explica Youssef Dabassé, “as partes baixas de Tarqumiya são beneficiadas e, na vez seguinte, é o vilarejo de cima que é abastecido.” No resto do tempo, é preciso comprar água de caminhões-cisternas e retirar dos reservatórios, que existem em cerca de 40% das casas.
Evidentemente, o preço não é o mesmo: a água de torneira é cobrada a 2,6 shekels por metro cúbico (R$ 1,17), e a dos caminhões chega a 25 shekels por metro cúbico (R$ 11,75). No verão, a situação se torna insuportável, observa o vice-prefeito: “A Mekorot [companhia de água israelense] corta o abastecimento, porque eles dão preferência aos assentamentos judaicos da região. Quando nos queixamos, eles dizem: ‘Nós verificamos, está tudo normal’. E a água continua cortada durante dias.”
Para entender, é preciso percorrer as colinas com Khayni Damidi, um engenheiro da Autoridade Palestina da Água (PWA). Na Rota 35, a estrada que leva a Tarqumiya acompanha a colônia judaica de Telem. Um pouco adiante, em um caminho de terra ladeado por oliveiras, caímos em uma estação de bombeamento de barulho ensurdecedor. A instalação, que atende a cerca de 20 vilarejos, pertence à companhia Mekorot. Em princípio, ela é gerida em conjunto com a Autoridade Palestina, em uma reserva próxima: na grande canalização que penetra na terra, o engenheiro Damidi aponta uma válvula protuberante. “Ela serve de gargalo