Música Experimental Brasileira
A partir da audição do álbum “Clássico” do grupo Uakti, é possível perceber além da influência da música erudita na formação dos intérpretes e arranjadores, algo de contemporâneo na formação instrumental e na textura das músicas.A sonoridade dessas interpretações se torna peculiar a este grupo, porque são mesclados instrumentos não-convencionais, feitos por tubos de PVC, vidro, borracha e outros materiais de construção, com instrumentos tradicionais, como flauta, violão e cordas com arco.A “Sonata Kv 545 Em Dó Maior” de Mozart, por exemplo, possui características minimalistas no que se refere ao ritmo aditivo e repetição do tema principal com instrumentação que varia entre os vários tipos de instrumentos percussivos e cordas.“Bachianas Brasileiras” inova ao apresentar pela primeira vez o tema em instrumentos percussivos com afinação temperada e em seguida em uma flauta transversal, que depois cadencia e volta ao tema.
Em outra peça chamada "Variações sobre 'Águas de Março'", nota-se a importância não só de ouvir, mas também de assistir a performance do grupo, o que faz a experiência muito mais completa. Há um bailado nos movimentos. Vontade de procurar a origem de cada som. A precisão do grupo chama a atenção, sua ginástica na execução enche os olhos, e sua concentração causa reverência. Essa música especialmente repetitiva permite uma volta completa seguida de outra volta onde acontecimentos sonoros inusitados preenchem todos os espaços. A criatividade do grupo se mostra fazendo cada repetição um evento único.
Essa versão traz um novo sentido à música, com uma dinâmica bastante rica e fortalecida pelos instrumentos de percussão. As variações feitas em cima do tema evidenciam o “estilo Uakiti”, pelas escalas, motivos rítmicos, instrumentos não convencionais e outros elementos presentes no repertório do grupo; o que é interessante de se reconhecer em uma releitura.
É possível perceber diferentes momentos liderados pelo