Mães e Avós da Praça de Maio
"Desaparecidos durante a ditadura argentina" é o nome com que se conhece as pessoas que foram vítimas do crime de desaparecimento forçado durante a ditadura militar na Argentina (1976-1983). Nunca o poder totalitário assumiu a responsabilidade pelo que aconteceu, pois negou a sua própria prática de burocratização da morte - para eles não existiam nomes, nem corpos, não havia mortos nem arquivos, em suma, não havia responsáveis. Desapareceram cerca de 30 000 pessoas e 500 crianças. Algumas foram sequestradas com os seus pais, outros nasceram no cativeiro das suas mães grávidas. Segundo testemunhos de sobreviventes, médicos e parteiras, sabemos que as mulheres grávidas sequestradas davam à luz amordaçadas, com olhos vendados, amarradas nos pés e nas mãos. Após o parto, o bebé era separado da sua mãe sendo frequentemente entregue a famílias de militares.
Em 30 de abril de 1977 um grupo de mães inicia uma marcha em silêncio na Praça de Maio, em frente à sede do governo argentino, face à recusa das autoridades em dar-lhes uma resposta acerca do paradeiro dos seus filhos. Os ditadores – e aqueles que negavam os seus crimes – chamaram-nas de "loucas". Esta "loucura" felizmente contagiou outros. Assim nasceu o movimento Mães da Praça de Maio, ao qual se seguiu o das Avós da Praça de Maio, que tem como finalidade localizar e restituir todas as crianças sequestradas ou desaparecidas aquando do período de ditadura militar argentina às suas legítimas famílias e obter o castigo correspondente para todos os responsáveis.
Neste contexto, alguns pais adotivos, suspeitando da possível origem da criança, optaram por contactar as Avós da Praça de Maio. Houve crianças deixadas com vizinhos que localizaram as suas famílias para entregá-las; também houve vizinhos que, desconhecendo os familiares, protegeram as crianças até que conseguiram localizá-los através das Avós da Praça de Maio; outras crianças foram entregues a instituições públicas como sem