Mães protagonistas
Este estudo avalia a experiência com um grupo de mulheres realizado num Centro de Saúde da região metropolitana de Belo Horizonte. Trata-se de uma prática desenvolvida como estágio curricular em saúde pública do curso de Psicologia da PUC Minas São Gabriel. O grupo de mulheres surgiu a partir de uma demanda da Unidade Básica de Saúde pela construção de práticas para lidar com usuárias “poliqueixosas”. O grupo tem como objetivo possibilitar a circulação da palavra entre as mulheres e, como espaço dialógico, permitir que as participantes possam ouvir a si mesmas, escutar as outras e realizar trocas entre si. O grupo é pensado como dispositivo, com o investimento na desconstrução de posições cristalizadas, constituindo-se como um desafio tanto para as integrantes quanto para as profissionais envolvidas. A coordenação do grupo buscou trabalhar com referências teóricas e técnicas sem que estas se tornassem “especialismo acrítico” ou “teoricismo hipertrofiado”, como Rodrigues (2004) nos convida a pensar. Num período de 2 meses, foram realizados 8 encontros, com participação média de 5 mulheres por encontro. Verifica-se que neste grupo as discussões produzidas por essas mulheres englobaram questões cotidianas, relacionamentos familiares, conjugalidade, maternidade e estereótipos de gênero. O grupo tem caminhado para um processo de autonomização, configurando-se como um espaço importante de potencialização individual e coletiva.
Palavras-chave: práticas grupais; grupo de mulheres; saúde pública.
1. Introdução
A nossa sociedade contemporânea, possibilitou uma exacerbação do individualismo, do consumismo, fluidez nos relacionamentos, abertura para outras possibilidades de experimentação. Assim, os relacionamentos se tornaram efêmeros e fragmentados, mas segundo Roudinesco (2003, p. 198) “a família ainda, possui um valor seguro o qual ninguém parece querer