Musicas Durante a Ditadura Militar Brasileira
Numa época em que a liberdade de expressão é cerceada, nada mais criativo que expressar desejos e anseios através da música. A Ditadura Militar que o Brasil viveu, entre os anos de 1964 e 1985, fez com que músicas se tornassem hinos e verdadeiros gritos de liberdade aos cidadãos oprimidos e sem possibilidade de se expressar como desejavam. Através de letras complexas e cheias de metáforas, elas traduziam tudo o que sentiam. Além disso, os festivais de MPB, promovidos pela TV Excelsior e, posteriormente, pela TV Tupi, auxiliaram na divulgação das canções tornando-as ainda mais populares. Essa lista pretende mostrar as músicas que criticavam o governo militar, contando um pouco da história de cada uma delas e seus significados ocultos, que passaram, muitas vezes, batidos pela censura.
Pra Não Dizer que não Falei das Flores, de Geraldo Vandré: Nada mais lógico e natural que começar a lista com o hino do movimento de resistência. Pra Não Dizer que não Falei das Flores, composta em 1968, pelo paraibano Geraldo Vandré, fez com que os militares censurassem a canção por fazer clara referência contrária ao governo ditatorial. O refrão “Vem, vamos embora/ Que esperar não é saber/ Quem sabe faz a hora/ Não espera acontecer” foi considerado um verdadeiro chamado às ruas contra os ditadores. Além do refrão, a estrofe “Há soldados armados/Amados ou não/Quase todos perdidos/ De armas na mão/ Nos quartéis lhes ensinam/ Uma antiga lição/ De morrer pela pátria/ E viver sem razão” é uma das mais explícitas das produções musicais no momento. Não faz rodeios. Vai direto à crítica aos militares. O sucesso da canção é atribuído aos mais diversos fatores: a rima de fácil assimilação e que “gruda”; a melodia em forma de hino, o que acaba por se tornar mais uma provocação ao regime; além de retratar os desejos e anseios da geração da época. Ao lado, uma gravação histórica de Vandré cantando a canção no