Murray schafer em limpeza de ouvidos: um curso de música experimental
"Esta é a razão porque chamei o chamei de um curso de limpeza de ouvido. Antes do treinamento auditivo é preciso reconhecer a necessidade de limpá-los. Como um cirurgião, que antes de ser treinado a fazer uma operação delicada, deve adquirir o hábito de lavar as mãos. Os ouvidos também executam operações muito delicadas, o que torna sua limpeza, um pré-requisito importante a todos os ouvintes e executantes de música." ( Schafer, 1991:66)
Schafer em seu curso de música experimental sugere uma limpeza de ouvido. Na visão do autor um ouvido sujo é aquele que não pensa, não distingue a princípio, a diferença que há entre os ruídos e os sons musicais.
É possível se considerar dentro da abordagem de Murray Schafer que uma música pode ser ruidosa? A definição de Schafer é que ruído é “o destruidor do que queremos ouvir”, quando vontade de ouvir é característica de um ouvido pensante e não apenas uma predileção de estilos musicais. Como se sentiria um regente de coro ao ensaiar diante de ruídos de falas, risos, murmúrios, etc. nos intervalos de continuidade de uma música a outra? Porque é que estudantes de música às vezes são mais ruidosos em sala de aula? Talvez isto esteja relacionado ao modo como estes interagem com os sons em um tipo de insensibilidade musical.
Seguindo a linha de pensamento de Schafer poder-se-ia dizer que a sujeira dos ouvidos “musicalizados”, porém, inexperientes à altura do que o autor pretende apresentar sobre a experimentação de suas aulas, é que o som origina-se do mais profundo silêncio de onde se podem escutar os melhores PPPs e se intimidam os FFFs. Por quê? Porque há menos ruído e onde há menos ruído, há mais som, timbre, amplitude, melodia, textura e ritmo; uma completa paisagem sonoro-musical. A tendência de muitas pessoas, entretanto, é a de sobressair-se ao som ou ruído dos outros; busca-se o som e não a sua origem.
Como é instigante a expressão