Murilo Rubião
Murilo Rubião foi funcionário público e, a despeito de produzir pouca literatura – em relação a seus contemporâneos – é considerado o grande autor do realismo mágico brasileiro. A literatura fantástica consiste em apresentar situações ou personagens que fogem ao mundo real. Essas personagens ou situações, no entanto, dentro da narrativa ganham dimensão verossímil, apesar de causar estranhamento ao leitor pouco adepto a esse tipo de leitura. Essas bizarrices servem também para dar uma dimensão simbólica ao mundo ou à inadaptação do sujeito ao mundo. Assim, os textos desse tipo de literatura podem representar uma crítica à sociedade, ao mundo, a alguma situação em que o sujeito sofre algum preconceito, etc. Para compor suas obras, é comum o uso de citações bíblicas que, mais tarde, o leitor mais atento, consegue fazer vinculações com o texto escrito. Outro recurso bastante utilizado pelo contista mineiro é o fato de buscar palavras “exatas”, ou seja, ele procura o enxuto, procura compor somente com o que realmente é necessário para o entendimento do texto. Conforme afirmou o filófoso Sartre, insólitos são os acontecimentos desse novo século, movido por uma rápida evolução tecnológica que transformou os indivíduos em mercadorias, escravos de máquinas, passíveis de compra e venda. Os relacionamentos não são verdadeiros, tampouco frutíferos. No lugar da família, o individualismo e a solidão. O homem é perseguido por uma força superior e misteriosa que rege sua vida e determina seu destino.
Não há saídas desse sistema estruturado em caminhos labirínticos. O homem deve cumprir, com resignação, as regras impostas. Os acontecimentos mais surpreendentes como a guerra e a fome passam por normais e inserem-se no cotidiano, tornando-se banais e rotineiros. O fantástico produzido por Murilo Rubião focaliza exatamente esse período. Povoando suas narrativas com personagens que não se espantam diante dos fatos extraordinários, aprisionadas a um sistema opressor, que