Mundo do trabalho
"Não sinto medo", diz médico brasileiro que tratou ebola.
Paulo Sergio Reis voltou há 20 dias de Serra Leoa, onde trabalhou no cuidado de pacientes infectados com a doença.
O médico carioca Paulo Sergio Reis viu mais de 70 pacientes morrerem em decorrência de ebola na África Ocidental, onde trabalhou por três meses, em centros de tratamento dos Médicos Sem Fronteiras (MSF). Ainda assim, vai voltar para lá em uma nova missão nos próximos dias.
"Não sinto medo. Quando você tem conhecimento e toma todas as precauções, não tem por quê. Não considero que seja mais arriscado do que andar no trânsito do Rio", disse Reis nesta quinta-feira na sede da ONG, no Rio.
De folga na cidade há 20 dias, o clínico de 42 anos, há nove na entidade, prepara-se para mais uma temporada difícil, com carga horária de trabalho de até 13 horas diárias. Da família e dos amigos, ouviu piadas. "As pessoas brincam, mas entendem. Falam 'você é maluco, vou te amarrar no pé da cama'. Mas não tem por que ficar mais preocupado do que em qualquer outra missão dos MSF. Meus pais estão acostumados e apoiam."
Desde que chegou da África, afere sua temperatura três vezes ao dia, para ter certeza de que se mantém saudável. Ele não acredita na possibilidade de o ebola se disseminar no Brasil caso um doente desembarque no país, pelo fato de os rituais fúnebres que constituem importante forma de contágio não serem seguidos aqui. Na unidade médica em que ele trabalhava, morriam sete em cada dez pacientes que chegavam.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/nao-sinto-medo-diz-medico-brasileiro-que-tratou-ebola