Multiplos conceitos que forman a cultura
obsessivoTranstorno obsessivo-compulsivo
Maria Conceição do Rosario-Campos e Marcos T Mercadante
Protoc, Departamento e Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. Child Study Center, Yale University Schools of Medicine & Nursing, Yale, USA
Introdução
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é caracterizado pela presença de obsessões e/ou de compulsões. A relativa simplicidade do diagnóstico categorial sugeriria tanto uma precisa delimitação nosográfica, quanto uma homogeneidade do quadro. No entanto, resultados de pesquisas recentes têm enfatizado dois conceitos. O primeiro refere-se à heterogeneidade do quadro. O segundo refere-se à concepção de que o TOC poderia ser estudado a partir de uma visão dimensional e contínua, ou seja, dentro de um espectro obsessivo-compulsivo.
Sendo assim, para o aprofundamento do conhecimento do
TOC é necessário buscar-se subgrupos mais homogêneos de pacientes. As peculiaridades da apresentação do TOC na infância e adolescência sugerem que o início precoce dos sintomas delimitaria um subtipo de pacientes.
As prevalências de estudos epidemiológicos em adolescentes revelaram taxas entre 1,9% e 3,0% nos Estados Unidos e entre 2,3% e 4,1% em outros países.1 A distribuição entre os sexos parece variar de acordo com as diversas faixas etárias, sendo que em crianças há uma preponderância de meninos. No presente artigo, procurou-se desenvolver os aspectos mais importantes e atuais na avaliação de crianças e adolescentes com TOC.
Diagnóstico e quadro clínico
Obsessões podem ser definidas como eventos mentais, tais como pensamentos, idéias, impulsos e imagens, vivenciados como intrusivos e incômodos.2 Como produtos mentais, as obsessões podem ser criadas a partir de qualquer substrato da mente, tais como palavras, medos, preocupações, memórias, imagens, músicas ou cenas.
Compulsões são definidas como comportamentos ou atos mentais repetitivos, realizados para