MULHERES X PAQUISTÃO
Essas mulheres não podem sair senão acompanhadas por um homem da família. Mesmo assim, o devem fazer cobertas de véus da cabeça aos pés. Muitas de suas escolas estão em ruínas e suas lojas favoritas, fechadas. Impossibilitadas de expressar qualquer palavra em público, algumas aceitaram, por telefone, contar um pouco de seu cotidiano.
Uma jovem da região abandonou o sonho de tornar-se médica. "Minha mãe me dizia que eu poderia fazer o que quisesse da vida, mas agora já não é mais assim". "Ensinaram-me que, segundo o Islã, a educação é obrigatória para todo o homem e toda a mulher, mas os talibãs destruíram nossas escolas", conta.
Há quase dois anos, um grupo de talibãs paquistaneses lançou uma campanha armada no vale de Swat para fazer reinar a charia, a lei islâmica. Após meses de combates, as autoridades aceitaram negociar um acordo prevendo a aplicação destas lei em troca da paz. A região, que já foi um sítio turístico do Himalaia muito frequentado, vive agora sob a rigidez do fundamentalismo.
Sem educação básica
O acordo concluído em meados de fevereiro ainda não entrou formalmente em vigor, mas a regra dos talibãs já vale no local. Segundo as autoridades locais, das 191 escolas destruídas nos últimos dois anos, sendo 122 eram para mulheres, o que fez com que 62 mil meninas não tivessem acesso à escolaridade mínima.
Para Huma, a vida para as mulheres no local se parece mais a uma roleta russa. Ela, que é professora e mãe de duas crianças, ensina às próprias filhas em casa. "Eu não posso nem sequer lhes dizer como faço para ir à escola. Devemos usar a burqa. Todos os dias ou quase, penso em