Mulheres negras e discriminação racial
Renata Santos da Silva
Silvia Coutinho Areosa
INTRODUÇÃO As práticas de discriminação racial são vividas pela população negra no Brasil desde a chegada dos primeiros africanos e ainda hoje as ideologias dessas práticas continuam cristalizadas na sociedade brasileira. Percepções ultrapassadas ainda abrangem a crença e a prática que estabelecem uma hierarquia entre raças. Paula ( 2005) salienta que todas as ciências comprovam nos dias de hoje, que ao falarmos em espécie humana não podemos falar de raças, o ser humano pertence a uma única espécie e por isso perfaz um único grupo racial.
Entretanto, se biologicamente o conceito de raça já foi desmistificado, “sociologicamente ele ainda se mantém no sentido de definir indivíduos em relação a cor de pele e características fenotípicas” ( MUNANGA e GOMES, 2006, p. 175). No Brasil, ao falarmos de raça estamos nos referindo a uma construção histórica e social das diferenças. Contudo, a Discriminação Racial não pode ser entendida com ênfase somente no indivíduo, a Discriminação Racial também é originada por processos políticos, sociais e psicológicos.
A liberdade proclamada na “abolição da escravatura” no Brasil trouxe poucas mudanças para a igualdade social em relação à comunidade negra. De maneira mais sutil o processo de discriminação racial continuou na sociedade capitalista, “mudam-se os rótulos, mas os conteúdos são os mesmos” ( SILVA, 1987, p. 41).
Para a mulher negra a Discriminação racial tem um sabor ainda mais amargo, estando ligado diretamente aos processos de Desigualdade Social “ imiscuindo- se insidiosamente nas relações sociais, produzindo discrepâncias que redundam em exclusões”, estas exclusões se mostram nos altos índices de analfabetismo, desemprego e acesso ao sistema público de saúde ( IPEA, 2007, p. 11).
A perpetuação da Discriminação Racial no Brasil sobrevive de uma manutenção social das idéias racistas feitas muitas vezes pela negação deste