Mulheres na china
Pode parecer estranho dedicar um tópico sobre a questão da mulher na China, quando ela poderia ser incluída na seção Sociedade. No entanto, creio que isso reduziria em muito o exame que o problema merece no caso chinês. A condição feminina na China tem sido objeto de controvérsias milenares, caracterizadas pela tentativa constante de imposição do masculino sobre a sociedade. Assim sendo, a literatura chinesa proporcionou peças diversas sobre este debate, que tanto ressaltam a necessidade de enquadrá-la como um ser submisso quanto defendem a sua liberdade como ser autônomo e consciente. Na época Han que escreveu o Lições Femininas (Nujie), cujo teor dos trechos escolhidos é predominantemente machista, baseando-se nos discursos do Liji. Seu livro, porém, é objeto de discussão, posto que outros trechos parecem contradizer esta postura. Do mesmo período, no entanto, o Livro da Alcova (Fang Chungshu) trata a mulher como um ser responsável pelo equilíbrio cósmico, e que por isso deveria ser tratada em pé de igualdade (e, dependendo da situação, até mesmo como um ser superior em certos aspectos). Os Analetos Femininos (Nu Lunyu, da época Song) são uma tentativa posterior de estrutura um confucionismo feminino inteiramente baseado na misogenia, ou seja, na submissão da mulher. As três seleções seguintes: Mercado de concubinas, cartas familiares e Enfaixamento dos pés são desdobramentos mais recentes destas nefastas práticas machistas. O trecho de Maozedong ilustra a proposta comunista em renovar a visão da mulher na sociedade chinesa, mas o texto atual de Xinran, As boas mulheres da China, revela que a modernidade preserva muito ainda do preconceito e da desigualdade derivadas destas épocas.
Mulheres solteiras
Se uma mulher chinesa continuar solteira depois dos 28 anos, ela inevitavelmente passará a ser chamada de "shengnu" ("mulher restante" em mandarim), um termo criado e divulgado pela imprensa oficial, que, por sua vez, impõe uma considerável