mulheres emancipadas
Alberto Cumbi
Publicado em "Outras Vozes", nº 27, Junho de 2009
No contexto actual da emancipação das mulheres e igualdade de género, nota-se a produção de um discurso oficial que procura incentivar a presença de mais mulheres no espaço público (ensino superior, mercado de trabalho remunerado, ao nível do parlamento, do executivo e do judicial), como forma ou mesmo indicador da sua emancipação. Esta tendência começa logo após a independência (de 1975 a meados dos anos 80), em que há um esforço redobrado para permitir que mais mulheres tenham acesso massivo à educação, à alfabetização e ao emprego.
Verifica-se cada vez mais mulheres a ocuparem cargos de tomada de decisões ao nível do poder executivo, parlamentar e dos partidos políticos para além de tantas outras que possuem ensino superior e um emprego remunerado. Nesse contexto, para o nosso caso, interessa-nos discutir o nível de possibilidade das mulheres com formação superior e um emprego remunerado de negociarem por mais igualdade numa relação conjugal. Ou seja, será que se podem considerar emancipadas ou que vivem numa situação de igualdade de género mulheres que trabalham e possuem ensino superior?
Para tornar possível a discussão do problema levantado, conversámos com seis (6) casais, totalizando 12 informantes. Desses doze (12), seis (6) possuem o ensino superior e outros seis (6) estão ainda a frequentá-lo e todos eles têm um emprego remunerado. Os nossos instrumentos de observação foram as entrevistas semi-estruturadas porque nos permitiram conversar abertamente com os entrevistados e recolher o máximo possível de informação. No texto, consideramos a nossa amostra de casais um (1) a seis (6). Este é um código por nós adoptado para facilitar a discussão da informação recolhida. Ao fazermos referência a um dos cônjuges, designamo-lo por esposa ou esposo um (1) a seis (6). Às expressões entrevistadas/os e informantes foram