Mulheres de Atenas
A música faz referência a dois poemas de Homero, “Ilíadas” e “Odisséia”. Mais especificamente à Helena e Penélope, mulheres retratadas nestes poemas.
Penélope é vista como um símbolo de fidelidade, já que em sua história, seu marido parte pra guerra, e depois de muito tempo sem retorno, novos pretendentes tentam convencê-la de se casar novamente, já que consideravam seu marido morto. Penélope diz que vai se casar após acabar de tecer uma mortalha (lençol usado para enrolar o morto), e apesar de tecer todos os dias, a noite ela desfazia os bordados, para que não este ficasse pronto.
"Quando eles embarcam, soldados / Elas tecem longos bordados / Mil quarentenas"
Já Helena, que foi uma das causas da Guerra de Tróia, é considerada um símbolo de beleza, alguém que desperta paixão e encanto sobre os homens, fazendo com que desejem retornar a casa.
“Quando eles se entopem de vinho / Costumam buscar um carinho/ De outras falenas/ Mas no fim da noite, aos pedaços/ Quase sempre voltam pros braços/ De suas pequenas, Helenas”
A música não pode ser interpretada como um relato estritamente da situação de Atenas, mas sim de um período geral em que a vida familiar não era muito freqüente, já que os homens costumavam passar a maior parte do tempo longe de suas casas e famílias. Um dos principais motivos do casamento era para assegurar que alguém tomasse conta da casa, ou seja, as esposas.
Em nosso contexto histórico, a mulher sempre teve uma função inferior, algo que ainda está mudando nos tempos atuais. E ainda é possível identificar as “mulheres de Atenas” atuais, mulheres que se colocam, ou aceitam serem colocadas, em expectativas antigas, em posições inferiores. “Secam por seus maridos” – talvez ainda buscando uma aceitação, um respeito ou até mesmo amor, estes que nem sempre são recíprocos.
“Não têm gosto ou vontade/ Nem defeitos nem qualidade/ Têm medo