Mudanças
Hhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
hhhhhhhhO rolezinho, a reunião de jovens e adolescentes em shoppings que nasceu na periferia de São Paulo e já se espalhou por outras partes do país, virou o assunto do verão deste 2014 de eleições e Copa. Um arrastão de palavras de ordem, à direita e à esquerda, tomou o debate e colonizou as discussões com conceitos confusos, fora de lugar. De repente, festas de funk ostentação viraram manifestações de marxistas culturais contra a civilização ocidental e as reações a elas, vindas de gente tão pobre quanto os jovens, uma prova irrefutável do apartheid brasileiro.
De fato, as reuniões de lazer e a reação a elas foram contaminadas pelo debate político que acontece nas áreas de classe média e classe média alta. Elas foram simplificadas, estereotipadas. O debate se reduz aos exageros, criando adversários irreais e estereotipados: ou as pessoas são elitistas ou comunistas. Mas o mundo real, bem, esse é bem mais complicado. E, no meio desse debate maluco, os sujeitos do rolezinho foram desumanizados e se tornaram categorias para defender posições no debate histérico que vem se desenhando para este ano.
Ninguém ouve ou sabe o que esses jovens pensam, mas praticamente todo mundo no Facebook, no Twitter, em algumas colunas nos jornais e nas revistas sabe o que eles deveriam pensar. Ninguém sabe qual a intenção que eles têm com esses eventos, mas, do lado de cá do rio, todo mundo já tomou as decisões por eles. Pouca gente do centro expandido já visitou o shopping Itaquera ou Campo Limpo, mas não faltam pessoas que já decidiram que ou eles são nobres centros contra a barbárie periférica ou símbolos poderosos da segregação à brasileira.
Esse texto é dividido em três partes. Ele abre com uma história pessoal, avança para algumas hipóteses sobre o rolezinho e termina com pinceladas sobre as reações aos encontros. Mas o principal objetivo é tentar oferecer um caminho para a discussão que