Mudanças na educação superior, o que isso tem a ver comigo?
Por Gilson Campos1
Sou um desses brasileiros mais antigos que acredita que a educação é um dos meios para se direcionar ou redirecionar, no meu caso, um projeto de vida. Tive uma formação focada exclusivamente na profissionalização para o mercado, inspirada nos modelos das universidades europeias do século XIX2, onde o foco era o ensino, e não a criação do conhecimento e da cultura.
Como graduando do curso de Humanidades do Bacharelado Interdisciplinar do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências(IHAC) da Universidade Federal da Bahia(UFBA), tenho o direito de gostar ou não gostar de um ou outro aspecto do modelo de Universidade do século XX que ainda é presente, mas que está sendo repensada diante dos desafios do século XXI.
Visitar o passado tem suas vantagens e desvantagens. Para mim, seria reviver os tempos sombrios da ditadura, quando toda ideia de reforma da educação mediante os princípios de Anísio Teixeira e Paulo Freire seria ideia de subversivo, além da ideologia que vendia a concepção falsa de que somente os filhos da elite teriam acesso às Universidades Públicas.
A sociedade brasileira retoma uma discussão sobre a relação da Universidade com a Ciência e a Cultura. A proposta de Bacharelados Interdisciplinares, fruto do projeto “Universidade Nova”, pode ser uma resposta concreta a essa demanda social, pois reúne na graduação elementos que ampliam os conhecimentos mediante uma quadrangulação de saberes ligados às artes, humanidades, ciência/tecnologia e saúde, estabelecendo significações entre diversos campos de saberes, o que possibilita escolhas acadêmicas e profissionais mais assertivas.
O que se observa na maioria das universidades brasileiras é uma diferenciação entre as regiões no nível de conhecimento e qualidade da produção acadêmica. O projeto Universidade Nova possibilita uma mobilidade dos docentes e discentes entre as Universidades, o que promoveria uma