mudanças da população brasileira
O período até 2025 representa uma oportunidade para o “enriquecimento” da sociedade, uma vez que a razão de dependência demográfica vem caindo e, a partir daí, ela começará a se elevar em função do aumento da proporção de idosos
por Clemente Ganz Lúcio, Frederico Melo, Maria de Fátima Lage Guerra
Em cerca de quarenta anos, o Brasil passou da iminente ameaça de explosão demográfica para a perspectiva de redução da população, caso continuem nascendo relativamente tão poucas crianças e não haja um processo de imigração internacional que compense a diminuição dos nascimentos. De uma taxa de fecundidade em torno de seis crianças por mulher em idade reprodutiva, em meados dos anos 1960, chegou-se em 2010 a cerca de 1,8 filho por mulher. Hoje, a população brasileira continua crescendo, mas em ritmo cada vez menor. A perspectiva é que, por volta de 2040, passe a diminuir.
O novo padrão demográfico tem alterado a distribuição etária da população rumo ao envelhecimento. Esse processo decorre fundamentalmente da queda da fecundidade – menos crianças nascendo, em termos relativos – e subsidiariamente do aumento da longevidade dos indivíduos.
A proporção de crianças é menor a cada Censo e, embora a diminuição relativa dos nascimentos ocorra em todos os segmentos socioeconômicos, a taxa de fecundidade continua maior entre as mulheres mais pobres. Isso coloca um grande desafio para as políticas públicas, que é garantir formação integral e proteção adequadas para essas crianças. Políticas e programas públicos devem mais do que compensar os efeitos deletérios da pobreza sobre a formação dos pequenos brasileiros, inclusive porque, em boa medida, deles dependerá o futuro do Brasil.
Outro desafio diz respeito ao cuidado dos mais velhos. Hoje, os custos de atenção aos idosos têm sido assumidos pelas famílias e, em particular, pelas mulheres. Com a redução do tamanho das famílias e o novo papel social feminino, essa se torna uma grande