Mudança de uma mentalidade Historiográfica do século XIX para o século XX
Diego Rodrigues da Silva٭1
Enquanto linha teórica da sociologia, o positivismo criado pelo francês Auguste Comte, começou a atribuir fatores humanos nas explicações dos diversos assuntos, indo de contrapartida com o primado da razão, da teologia e da metafísica. Como traços do "Espírito positivo": o apego ao documento2; a luta incansável em busca da validade do documento; o temor do erro sobre as fontes; a dúvida metódica, que muitas vezes se torna sistemática e impede a interpretação; o documento “bruto”, que se explica por si só e de maneira absoluta; são as principais atitudes da história científica francesa do século XIX. E José Carlos Reis3 vai dizer que “o manual de Seignobos e Langlois4, que formará gerações de historiadores, exprime com exatidão o ponto de vista da "história metódica", que dominou a produção histórica francesa de 1880 a 1945”.
Para Leopold Von Ranke5 e para outros pensadores do século XIX, acreditavam que podiam ser inteiramente neutros e que podiam isolar o fato histórico independente de qualquer teoria ou de qualquer filosofia da história. A história é uma construção do historiador, ela só se transforma em objeto de estudo, em um problema, do momento em que o historiador se volta e a percebe. Até lá, ela é simplesmente a vida cotidiana de todos nós. A ingenuidade do positivismo é em demasia interessante. Será que no momento em que selecionamos um fato, recortamos cronologicamente, estabelecemos suas ligações, analisamos, estamos sendo neutros? Brigar pela neutralidade do fato é negar a filosofia da história e as teorias historiográficas. O homem é um historiador do seu tempo? O historiador Jacques Le Goff traz em sua obra um comentário de E. H. Carr ao respeito de Ranke:
Ranke acreditava piamente que a divina Providência cuidaria do sentido da História, se ele próprio cuidasse dos fatos... A concepção liberal da história do século XIX tinha uma estrita afinidade