Mpb por ayrton mugnaini
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Uma breve história sobre o estilo que sempre tentou definir o que é música brasileira, mas que ainda não conquistou os brasileiros
Há exatamente 20 anos, em julho de 1989, "Essa Moça Tá Diferente" foi primeiro lugar nas paradas, na gravação original de 1970, por seu autor Chico Buarque, e foi até tema de comercial de refrigerante. O curioso é que isso aconteceu do outro lado do Atlântico. Eu estava lá, mais precisamente na França, e testemunhei: "Essa Moça" foi um dos grandes sucessos do verão francês - ao lado de "Eternal Flame", com as californianas Bangles, e "Lambada" com o grupo Kaoma.
Enquanto isso, no Brasil, a MPB continuava viva - mas era preciso ser estudioso ou pesquisador para perceber isso. Na segunda metade dos anos 1980, Paulinho da Viola, Martinho da Vila e Dominguinhos continuavam muito ativos e pouco ouvidos. O que dominava rádio, televisão, jornais e revistas era o rock. Para cada canção em ritmos brasileiros, como "Deixa Eu Te Amar", "Folia No Matagal" ou "Como Dois Animais", ouviam-se dezenas de rocks, souls, funks e baladas. Não só feitos por roqueiros jovens ou veteranos, mas também de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Jorge Ben Jor, Elis Regina e outros artistas versáteis o bastante para não se encaixarem nos rótulos rock, MPB ou qualquer outro.
Tivemos também as experiências pop-roqueiras de gigantes da MPB como Chico Buarque e Edu Lobo ("Show-Bizz", "A História de Lily Braun"). Santo de casa não fazia milagre mesmo. Até a promissora "vanguarda paulista" se popificou, Tetê, Arrigo, Língua, Premê e quetais tornaram-se mais notórios por rocks e baladas que por suas valsas, choros e sambas. Chegou-se a ponto de um show de Beth Carvalho, em 1991, ser saudado como "rara oportunidade de se ouvir música brasileira no Brasil".
Uma coisa é uma coisa
É claro que música não é - ou pelo menos não deveria ser - medicamento para ser estocada e vendida por rótulos. MPB sem