Movimentos sociais na america latina
Ruth Corrêa Leite Cardoso
Introdução
Os estudos sobre os movimentos sociais na América Latina são frutos de uma conjuntura intelectual e política bastante específica. Desenvolvidos na década de 70, coincidem com o avanço do autoritarismo sobre vários de nossos países e sucedem os temas típicos dos anos 60: a marginalidade e a dependência.
A elaboração teórica destes temas marcou a contribuição intelectual latino-americana nesta época e colocou como problema as especificidades do processo de industrialização dos países em desenvolvimento. Entretanto, as inovações que estas teorias inegavelmente trouxeram terminaram por se esgotar na constante reformulação das mesmas questões. Por outro lado, as interpretações sobre as conseqüências políticas da industrialização excludente chocavam-se cada vez mais com a realidade. O explosivo comportamento das massas não só não se verificava como, pelo contrário, as periferias urbanas lutavam para serem reconhecidas pelo Estado.
Esta situação criou condições para novas propostas de investigações que valorizam os estudos de caso, através dos quais se pretendia qualificar e compreender estes novos comportamentos.
A desilusão com os esquemas globalizastes passou a alimentar a busca de explicações qualitativas para os novos problemas que se colocavam e que diziam respeito ao sistema de dominação e seu modo de operar. A progressiva rigidez da teoria marxista, tal como vinha sendo usada, abriu caminho para novas formas de investigação.
Devemos acrescentar que; nesse momento, as revisões do marxismo estavam despertando um grande interesse. Consumia-se avidamente Althusser e as releituras de Gramsci, procurando compatibilizar o marxismo com as ilusões, e depois com as desilusões de 1968.
Em suma, chegamos aos anos 70 com uma vocação para a pesquisa de campo, uma desconfiança das macroteorias disponíveis e uma perplexidade dos novos processos sociais que despertavam na América Latina e