Movimento social na década 70
As formulações educacionais são precisas. A escola de um assentamento, para o MST, deve preparar as crianças para o trabalho rural; deve capacitar para a cooperação; deve refletir as experiências de trabalho produtivo; o professor deve ser um militante; a escola deve valorizar e acompanhar o desenvolvimento individual do aluno; deve ajudar a formar militantes e exercitar a mística pela luta popular; é lugar de vivência e reflexão sobre a ética. No documento “Como organizar a Massa”, de 1991, a coordenação do MST orienta a maneira como se encaminha uma proposta, como se constrói um movimento de massas, o trabalho de grupo, a mística, a agitação e a propaganda.
Em relação à produção, Gohn destaca a criação da CONCRAB (Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil), em 1992, que fundou, em seguida, o ITERRA (Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária). As cooperativas integram a produção à economia de mercado, almejando atingir, inclusive, mercados externos.
Toda esta capacidade organizativa, para a autora, ganha novos contornos com a ocupação do Pontal do Paranapanema, oeste do Estado de São Paulo, em 1995. A região, foco de uma das principais áreas de terras devolutas do país, grande parte com origem dominial questionável, seria capaz de assentar 20 mil famílias. Entre 1990 e 1996, 2.300 famílias foram organizadas na região pelo MST, provocando sucessivas ocupações de terra. Mais de 40 assentamentos foram instalados, fruto da pressão causada por essa intensa mobilização. Tal projeção teria alçado o MST ao principal espaço de organização e luta dos trabalhadores rurais excluídos das esferas de poder de uma forma geral ou dos “apartados socialmente”. Para Gohn, a grande força motriz dessa organização é a luta baseada na noção de direitos sociais (...) alterando o imaginário social entre os demandários dos movimentos e entre o conjunto da sociedade mais ampla.
Bernardo Mançano, por sua vez, é