Motivação
O gerencialismo e a ética do bem comum: a questão da motivação para o trabalho nos serviços públicos
Jean-François Chanlat
Professor Titular Hec-Montreal
Professor Associado, Laboratório Crepa, Universidade de Paris-Daupline.
Publicar uma obra tratando da motivação para o trabalho no setor público é ao mesmo tempo essencial e audacioso. Essencial por um lado, porque os serviços públicos representam hoje um papel determinante em todos os países industrializados em certo número de setores (Saúde, Educação,
Cultura, Serviços Sociais) e, por outro lado, porque o Estado cumpre sempre funções centrais na vida coletiva mesmo no contexto de liberalização que conhecemos hoje (Frémeaux, 2001). Audacioso, já que geralmente, para muita gente, os serviços públicos ficam associados à imagem de funcionários pouco inclinados a trabalhar e preocupados principalmente por suas vantagens e seus privilégios, idéia aliás mais ou menos difundida dependendo das épocas e das camadas sociais desde Courteline. Mas, interessar-se pela motivação para o trabalho dos empregados do serviço público talvez seja também e sobretudo interrogar-se sobre a questão do mal-estar profissional que se observa em nossos dias num grande número de serviços públicos aqui e acolá no mundo inteiro. De fato, não passa um dia sem que a imprensa alardeie o “blues”do pessoal dos hospitais, o estresse dos professores, o mal-estar dos funcionários, etc. As pesquisas sobre tais assuntos são muitas, como atestam os diversos artigos deste trabalho. Quando se começa a falar de motivação num ambiente de trabalho, é geralmente porque se enfrenta uma desmobilização e uma perda de sentido no universo em questão (Sievers, 1990). O que será que está acontecendo hoje para que o temor da motivação no trabalho esteja ficando popular no setor público? E o que se deve pensar das