Motivação
Motivação no Contexto Psicoterapêutico
Marina Serra de Lemos1 & Vânia Alexandra Silva1
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Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto
Nesta investigação testaram-se conceitos postulados pela teoria da autodeterminação de Richard Ryan e Edward Deci, respeitantes ao continuum da motivação intrínseca-extrínseca para a psicoterapia e as suas relações com o suporte de autonomia percebido pelos clientes e terapeutas, numa amostra de 39 díades terapeutas/clientes portugueses. Os resultados revelaram vários tipos de motivação para a psicoterapia e suportam a teoria quando se verifica uma associação forte dos tipos de motivação mais auto-determinados com a percepção dos clientes de um ambiente terapêutico apoiante da autonomia. Contudo, a motivação dos clientes não se relaciona significativamente com as percepções de suporte à autonomia por parte do terapeuta, sugerindo que os terapeutas poderão não afectar directamente a motivação dos clientes. Na exploração de diferenças entre grupos, salienta-se que o grupo dos clientes mais velhos demonstra níveis de motivação intrínseca significativamente mais elevados do que o grupo dos clientes mais jovens.
Palavras-chave: Teoria da Auto-Determinação, Psicoterapia, Motivação, Ambiente
Terapêutico.
1. INTRODUÇÃO
O comportamento humano sempre suscitou curiosidade entre os investigadores devido à sua complexidade e aos factores envolvidos na sua regulação. A motivação assume aqui um papel importante, uma vez que vai definir e influenciar o caminho que segue o comportamento humano efectivo. A teoria da auto-determinação, que serve de base a este estudo, investiga os conceitos ligados à regulação do comportamento, valorizando a complexidade do ser humano e a importância dos contextos que o rodeiam. A psicoterapia é um contexto em que, por excelência, estão envolvidas as questões da motivação e regulação do comportamento, cuja investigação nos ajudará a avaliar as