MOSCAS

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC / CEART
ANÁLISE DO TEXTO DRAMÁTICO / STEPHAN BAUMGÄRTEL
ACADÊMICA PAULA MURATT DONATO

SARTRE, Jean Paul. AS MOSCAS (Les Mouches). Lisboa: Presença, 1962

O mito grego de Orestes e Electra ganha uma nova versão no século XX em três atos com estrutura dramática, escrito pelo filósofo francês Jean Paul Sartre. Não pretendo nessa primeira análise me aprofundar psicológica ou filosoficamente nos personagens da trama, tampouco ressaltar a analogia estabelecida entre a cidade grega de Argos com a França durante a invasão nazista (época em que a peça foi escrita e encenada), primeiro apenas organizarei a estrutura da fábula. Típica estrutura dramática, é linear, possui didascálias que apontam ações cênicas e suas velocidades, caimento do pano entre atos, assim como aspectos do cenário e principais particularidades do figurino. No primeiro ato Orestes, uma espécie de filho pródigo, chega como um viajante à cidade natal junto com seu mestre e companheiro de viajem chamado apenas de O Pedagogo (personagem que pode ser substituto do primo de Orestes da história original). Já se vê em cena a estátua de Júpiter e sua representação de um deus medonho, e seus adoradores vestindo luto; notante também é o pavor das beatas em relação aos viajantes demonstrando a aura de medo instaurada na cidade toda; e a presença das que são as cúmplices dos crimes ocorridos anteriormente: as moscas. Orestes conta neste episódio que após o sacrifício de uma de suas irmãs e o assassinato de seu pai, este foi levado da cidade, não chegando a estabelecer nenhum vínculo com esta, porém demonstrando uma nostalgia e um desejo de retornar às raízes. Ainda no primeiro ato Orestes encontra Electra a vociferar contra a imagem do deus, pois durante esses quinze anos em que o irmão esteve fora tem sido tratada como escrava por sua mãe, a rainha Clitemnestra e o rei Egisto, assassino de seu pai Agamenon. Orestes esconde a verdadeira identidade