Morte à reengenharia
Depois de listarmos tantas e tão significativas críticas à reengenharia, pode parecer que essa técnica é totalmente equivocada e que suas idéias devam ser refutadas, sendo
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melhor que morra no esquecimento a que são relegados muitos modismos da Administração. Não é essa, porém, a nossa opinião pessoal. Julgamos que Hammer e Champy cometeram um erro muito comum nos “pais” de novas idéias: uma visão radical e apaixonada do “ovo de Colombo” que descobriram, como se o mesmo fosse uma panacéia, capaz de revolucionar o mundo. O enfoque por eles apresentado é excludente de alguns aspectos cruciais que precisam ser considerados em qualquer programa de mudança e desenvolvimento organizacional. As críticas anteriormente apresentadas demonstram de maneira clara essa situação. Além das deficiências intrínsecas à teoria da reengenharia, encontramos muitos e graves problemas decorrentes de sua má utilização em algumas empresas. Na realidade, como ocorre com todos os modismos, muitas pessoas aderem sem ter um mínimo de conhecimento sobre o assunto, limitando-se a reproduzir o que ouviram falar. Assim, diversas empresas lançaram-se a programas de “enxugamento” abrupto e impensado de suas estruturas e atividades e a demissões em massa como se isso por si só fosse um programa de reengenharia. A reportagem da Revista Exame anteriormente citada traz vários relatos deste tipo. É inegável que, com todas as críticas que podem (e devem) ser efetuadas, a reengenharia trouxe à tona algumas idéias importantes. Como negar, por exemplo, a relevância da busca de reunificação dos processos? A dispersão das tarefas de um mesmo processo é artificial e contrária não só à produtividade como também à motivação e comprometimento dos empregados. De fato, a excessiva especialização profissional e a divisão exagerada do trabalho são males amplamente conhecidos dos estudiosos dos problemas da burocracia e que têm causado uma série de disfunções organizacionais. Mesmo na área de