MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita [resumo cap. 2]
Edgar Morin começa o segundo capítulo destacando a finalidade do ensino, que não é aquela na qual uma enxurrada de informações são acumuladas e empilhadas em nossa cabeça sem uma organização que permita relacionar essas informações com o contexto global ou avaliar o múltiplo entrelaçamento entre as partes e o todo, o todo e as partes (que é um conceito de complexidade). Ao contrário, cada vez mais, em nossa sociedade globalizada, é imprescindível ter uma cabeça bem-feita. Morin indica nesse conceito uma formação intelectual capaz de reconhecer que os saberes acumulados bem como as informações dispersas que recebemos em velocidade vertiginosa através dos mais diversos meios comunicativos podem e devem ser organizados levando-se em consideração não apenas os limites disciplinares nos quais a informação foi produzida, mas que esses limites deem lugar às possibilidades de uma aptidão geral do conhecimento. Somente assim é possível dar sentido a todo o conhecimento acumulado. Religar os saberes que foram isolados pela compartimentação hiperdisciplinar e contextualizá-los globalmente torna-se um dos imperativos da educação. O autor argumenta que não se trata de romper as fronteiras disciplinares, e sim de atualizar os princípios organizadores do conhecimento. Não é necessário destruir os campos disciplinares, pois, conforme Pascal, é indispensável à compreensão globalizante o pensar localmente (sem que isso prescinda de sua ação inversa). Morin demonstra como o surgimento das novas ciências – principalmente a partir dos anos 1960 – indicam uma mudança nos paradigmas anteriores que desagregavam a cultura científica e a humanística. Ciências tais como a Ecologia, a Pré-história, as Ciências da Terra, a Cosmologia já nascem guiadas por esse paradigma não-reducionista, multidisciplinar, porque dialogam com os saberes especialísticos em