MONUMENTOS E USOS DO PASSADO: UMA TENTATIVA DE CONCEITUAÇÃO A PARTIR DE TRÊS EXPERIÊNCIAS
A PARTIR DE TRÊS EXPERIÊNCIAS.
CRISTIANO ALENCAR ARRAIS *
RESUMO:
O presente trabalho procura analisar a relação existente entre o conceito de monumento, um sinal do passado que se preocupa com uma das principais funções do espírito (mens), a memória (memini), como sintetizou J. Le Goff e de usos do passado, a forma como a experiência temporal é representada, apropriada e difundida por indivíduos ou grupos com o intuito de produzir um tipo de sentido e orientação no presente. A título de hipótese, este trabalho se concentrará em três experiências de pesquisa que se utilizam de fontes de tipologias diferentes: primeiro, a planta urbana original da cidade de Belo Horizonte, de 1895.
Depois, os projetos arquitetônicos desenvolvidos por Atílio Correa Lima, para a cidade de
Goiânia, de 1936. Por último, o projeto historiográfico desenvolvido pelo Ministério das
Relações Exteriores, em 1960, como parte das comemorações pela inauguração da nova capital federal. Por meio destes três documentos, espero encontrar um caminho seguro para pensar o problema das formas de articulação da experiência temporal e suas funções para o presente. Palavras-chave: usos do passado, monumentos, memória.
Introdução
O presente trabalho procura analisar a relação existente entre o conceito de monumento, um sinal do passado que se preocupa com uma das principais funções do espírito (mens), a memória (memini), como sintetizou J. Le Goff e suas desinências. Esse conceito expressa, segundo penso, uma articulação entre uma função espiritual e mnemônica que encontra um lugar de concretização em determinados objetos, lugares ou símbolos do passado. É através deste lugar que são sintetizados e perpetuados determinados sentidos para o futuro. Choay
(2001: 18) observa que os monumentos possuem um caráter propedêutico em relação à sociedade porque, por meio da observação dos princípios que moveram os homens do passado
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