Monumento rodrigueano

Bianca Gonçalves de Freitas

Monumento Rodriguiano.

Hoje, Nelson Rodrigues é visto pela maioria como ícone, “criador efetivo da dramaturgia moderna brasileira, com suas personagens cínicas, devassas, transitando sem maiores problemas entre a realidade e psicologismos” (VIEIRA, 194), “Acredito que toda dramaturgia moderna no Brasil foi influenciada por
Nelson Rodrigues. Mesmo se você fizesse uma revisão e achasse que o Oswald de Andrade foi o pai do teatro moderno brasileiro, a verdade verdadeira é que quem abriu caminho na porrada foi Nelson Rodrigues” (Plínio Marcos), para outros “não é consenso total” (Antônio Guedes). Colocar em xeque o nome de um artista e sua obra não é uma questão de prova, verdades ou clichês, trata-se de um não conformismo, de não deixar-se petrificar.
Pelas duas vertentes de gosto e desgosto podemos seguir algumas linhas possíveis, pelo desagrado que o dramaturgo pernambucano pode causar suas obras não se limitam a si mesmas, o teatro não é uma arte solitária, há ainda ferramentas cujas quais o dramaturgo pode se alimentar como figurino, maquiagem, luz, sonoplastia porém, apoiar-se nestas ferramentas inviabilizaria o conjunto teatral: atuação, drama e direção, portanto, apenas o texto dramático não é drama( ação, movimento), a obra é completada com atores e direção e ainda assim, quando um destes elementos foge a proposta um do outro, a obra pode ser destruída ou ao contrário, reconstruída em novas perspectivas.
Pela vertente de grande gosto pela obra Rodriguiana, o texto pode ser levado à risca demasiadamente, a ousadia e suas qualidades podem ser facilmente jogadas fora quando o texto é taxado, podando-se quaisquer outras releituras ou possibilidades artísticas. Nelson, assim como vários outros dramaturgos que propuseram novos caminhos para o drama, arriscou-se com sua forma crua, voraz, ácida de mostrar um recorte das tragédias cariocas de seu tempo, este recorte é necessário para a realização cênica, vemos um drama