Monteiro lobato
O panorama social e político são fios condutores no que se refere à construção do perfil ideológico referente aos grandes artistas de uma forma geral, pois os mesmos se sentem influenciados por este “contexto” e manifestam sua visão por meio de suas obras.
Tal visão pode ter um caráter tanto negativo quanto positivo, podendo funcionar como uma espécie de adesão aos moldes, ou como forma de criticá-los.
Tão logo se deu a proclamação da República, o Brasil teve dois presidentes militares: Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Este período, compreendido entre 1889 e 1894, ficou conhecido como a República da Espada, fase na qual ocorreram a Revolta da Armada e a Revolução Federalista.
A partir de 1894, com a posse do presidente Prudente de Morais, iniciou-se uma nova fase no cenário brasileiro: a República Café-com-Leite, na qual o poder concentrava-se nas mãos dos grandes fazendeiros, mais precisamente dos cafeicultores.
Desta feita, implantou-se uma enorme disparidade econômica, ou seja, enquanto o Sul e Sudeste desenvolviam de forma contundente, o Nordeste entrava em declínio em razão da crise da cana-de-açúcar.
O pior de tudo isso era reconhecer que o regime chamado “republicano” em nada contribuía para mudar este patamar, pois o poder se concentrava nas mãos da elite, enquanto as demais camadas sociais ansiavam por transformações.
Todo esse clima de insatisfação foi absorvido pelos artistas daquela época, e não obstante, Monteiro Lobato, através de seu livro de contos - “Urupês”, faz uma denúncia com referência a toda problemática que marcava a vida dos brasileiros, principalmente da região do Vale do Paraíba.
A criação do personagem Jeca Tatu, o qual revela o protótipo do caipira brasileiro, foi alvo de críticas por pessoas influentes e médicos sanitaristas, mas para a