Modernistas
Épura (Ronald de Carvalho)
Geometrias, imaginações destes caminhos da minha terra!
Curvas de trilhas, triângulos de asas, bolas de cor...
Círculos de sombras agachadas entre as árvores, cilindros de troncos embebidos na luz.
Geometrias, imaginações destes caminhos da minha terra!
Melancolicamente, nesta alegria geométrica, pingando bilhas polidas, o leque das bananeiras abana o ar da manhã.
Um pouco sobre Ronald de Carvalho:
Nascido no Rio de Janeiro, em 1893, cidade onde realizou os seus estudos, inclusive os de direito, aí também faleceu em 1935, vítima de um desastre de automóvel, ocupando na ocasião o cargo de Secretário da Presidência da República. Estudou também na Europa e, seguindo a carreira diplomática, esteve nos mais altos postos possibilitados pelo Itamarati.
Com Luís de Montalvo, fundou a revista "Orfeu", que adotava como nomes tutelares Camilo Pessanha, Verlaine e Malharmé, de um lado, e de outro, Walt Whitman, Marinetti e Picasso. Participou da Semana de Arte Moderna, tendo declamado no palco do Teatro Municipal, além dos seus versos de Manuel Bandeira e de Ribeiro Couto. O poeta dedicou-se ao ensaísmo, à crítica, aos estudos de história da literatura e dos problemas brasileiros, estéticos e políticos.
Ronald de Carvalho deixou em todos seus poemas, a marca da cor, da luminosidade fulgurante, realizando uma poesia gráfica e nítida.
Telha de vidro (Rachel de Queiroz)
Quando a moça da cidade chegou veio morar na fazenda, na casa velha...
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha, uma alcova sem luzes, tão escura!
Mergulhada na tristura de sua treva e de sua única portinha...
A moça não disse nada, mas mandou buscar na cidade uma telha de vidro...
Queria que ficasse iluminada sua camarinha sem claridade...
Agora, o quarto onde ela mora é o quarto mais alegre da fazenda, tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda