Modernidade Liquida
Christiany Pegorari Conte e outros. Introdução
A modernidade é fruto de uma longa gestação, num processo cuja primeira fase desdobrou-se entre os séculos XVI a XVIII, período das grandes navegações, da descoberta do Novo Mundo, do renascimento cultural e da Reforma Protestante, primeiro estímulo ao individualismo.
O Iluminismo inaugurou a segunda etapa da modernidade, caracterizada pela universalização da razão e pelo primado do indivíduo e de sua liberdade. A partir do século XX uma nova era, marcada por uma total ruptura com o passado, provoca mudanças fundamentais no terreno das relações sociais, da ciência, da filosofia, da educação, da moral e da economia. Ao mesmo tempo em que abandona crenças, tradições, valores e ideologias o homem vai se isolando e perdendo referências. É da transição para essa modernidade, de suas características, significados e contradições, que trata Zygmunt Bauman em “Modernidade Líquida”; líquida, por ser uma era com as principais particularidades dos fluídos: a inconstância e a mobilidade.
O individualismo e o consumismo na sociedade da modernidade líquida
Em “Modernidade Líquida”, Bauman afirma que, há cerca de cinqüenta anos, as previsões populares sobre o futuro travavam-se pelo confronto da visão de Aldous Huxley, em “Admirável Mundo Novo” e a de George Orwell, no livro “1984”. O primeiro escritor retratou, em 1931, um cenário do século VII d.F. (depois de Ford), habitado por uma sociedade completamente organizada e feliz, vivendo na opulência, devassidão e saciedade. George Orwell, por sua vez, apresentou, em 1949, a idéia de uma sociedade futurista, tomada pela miséria e pela escassez, e dominada por um governo totalitário. Completamente antagônicas, as duas visões estavam de acordo num ponto: no pressentimento de uma civilização estritamente controlada. A de Huxley, mediante doses regulares de felicidade quimicamente