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Luciana Zaterka (PG)
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP
palavras-chave: revolução científica, química corpuscular, experimentalismo
A maioria dos trabalhos sobre a revolução científica moderna apresenta como fio condutor as transformações ocorridas no âmbito da astronomia e da física. Os nomes aqui lembrados são sempre os mesmos: Copérnico, Kepler, Galileu, Descartes, Newton e, quando muito, Bacon. A química é freqüentemente omitida. De fato, os historiadores, por muito tempo, assinalaram o desenvolvimento tardio dessa ciência quando comparado ao da astronomia, física, anatomia ou da fisiologia. Nesse sentido, a revolução química seria um fenômeno do século XVIII centrado em Lavoisier e seus colaboradores. Para estes pensadores, foi o estudo dos gases, após 1740, que forneceu à química um solo conceptual que permitiu as explicações das reações em termos de átomos e elementos. Os argumentos que fundamentam essa visão historiográfica seguem a interpretação do historiador Herbert Butterfield, segundo a qual: "esta foi uma revolução postergada por depender de uma apreensão maior do poder de quantificação, do surgimento da química pneumática e sobretudo da reação contra a teoria do flogisto". Fica claro que o cerne do argumento aqui utilizado tem como paradigma as ciências físicas: o progresso na quantificação como um requisito para qualquer interpretação da revolução científica.
Por outro lado, alguns poucos historiadores da ciência acreditam que, para uma melhor compreensão das mudanças ocorridas na revolução científica, é necessária uma abordagem que tenha também como preocupação a 'estrutura da matéria'. Assim, Prof. Allen Debus propõe que para o entendimento da revolução científica em sua totalidade devemos incluir alguns aspectos relacionados à história da medicina e da química: "O que estou sugerindo é que tornemos parte integral de nosso entendimento da revolução química, em primeiro lugar,