Modelo discretos
“Beatriz dirigiu-se para a cozinha e sentou-se à mesa sorrindo. Então, enquanto a filha deitava chá numa chávena, sem razão aparente, levantou- se repentinamente e começou a andar de um lado para o outro, na cozinha, agitada. A filha assustou-se mas, calmamente, começou a atrair a atenção da mãe para o chá. Beatriz voltou, então, a sentar-se à mesa e a expressão prazenteira e calma voltou ao seu rosto.”
“No Centro de Dia, Júlia pediu um lenço. Depois de o utilizar, como não encontrava um bolso onde o pôr, depois de olhar rapidamente em volta, meteu-o no soutien. Desatou então a rir à gargalhada. Era engraçada a forma como ria. Os seus olhos ficaram cheios de lágrimas e parecia não conseguir parar de rir. Um cuidador interrompeu as suas gargalhadas para lhe dizer que o chá estava pronto. Esta interrupção distraiu-a e parou de rir”.
“Houve momentos em que foi efectivamente muito difícil. Ela seguia-me por todo o lado, levando a minha paciência ao limite. O meu único escape era às vezes fechar-me à chave na casa de banho para ler o jornal. Agora ela vai para o Centro de Dia, que adora, e assim tenho dois dias por semana para mim próprio.”
“Estávamos um dia no supermercado e o meu Pai dirigiu-se a uma senhora, apontou para um pote de mel que ela tinha na mão e disse: “Hum! Isso é mel. É bom!”. Fiquei embaraçada com a forma desinibida como se dirigiu à senhora, que eu não conhecia. A senhora respondeu:
“É mel sim, e delicado como o senhor”. Naquele momento compreendi que as normas sociais não eram importantes, que o que contava era a sensibilidade e que eu podia ir a todo o lado com o meu Pai.”
“Quando visitei a minha mulher