Modelo biomedico
O modelo biomédico é aquele, que devido à concepção mecanicista da vida, considera o corpo humano uma máquina formada por peças e um mau funcionamento destas seria a doença. Assim, o papel do médico é o de intervir para consertar esse defeito que prejudica o funcionamento correto do todo.
Com o estudo de partes cada vez menores e mais específicas do corpo, a medicina moderna tende a não enxergar mais o paciente como ser humano, e o termo “cura” e “saúde” passam a ser cada vez menos discutidos.
O motivo dessa escassez de discussão sobre o assunto deve-se ao fato de que a “cura” engloba uma interação de aspectos físicos, psicológicos, sociais e ambientais; utiliza diversas técnicas terapêuticas e muitas abordagens distintas, diferente do que acontece no modelo biomédico. Os curandeiros – pessoas que praticam a arte de cura através de rituais e cerimônias – possuem uma imensa interação com o paciente e são constantemente vistos como pessoas que canalizam energia sobrenatural.
O conceito de “saúde” muda dependendo da cultura, pois estabelece uma relação entre o indivíduo e o meio em que vive. Para a OMS (Organização Mundial de Saúde), “a saúde é um estado de completo bem-estar” e não apenas “a ausência de doenças e enfermidades”, e é necessário entender esse conceito totalizador para que se entenda também o fenômeno de cura.
Apesar de haver relutância em concordar com a eficácia da cura, por muitos anos a medicina se apoiou nessa idéia, principalmente porque não havia muitos tratamentos específicos conhecidos. Foi, portanto, o “cientificismo médico” que criou esse desprezo as práticas dos curandeiros.
Essa mudança da medicina ocidental começou quando Descartes, que dividia rigorosamente o corpo e a mente, levou os médicos, que antes costumavam integrar esses dois aspectos, a se concentrarem apenas na “máquina” e darem menos importância aos aspectos psicológicos, sociais e ambientais da doença. Porém, Descartes era muito menos “cartesiano” que