Mitsuko Parte II capítulos 1 e 2 1
A psicologia científica e seu processo de autonomização no Brasil
Novas e significativas transformações ocorreram, a partir do final do século XIX, tanto na sociedade brasileira quanto na Psicologia.
O Brasil adotou o modelo republicano, ao mesmo tempo em que se consolidava e atingia pleno desenvolvimento a economia de base agrário-comercial-exportadora, vinculada fundamentalmente à produção cafeeira, o que contribuiu para a geração de condições que possibilitaram a efetivação do processo de industrialização do país. Tais fatores concorreram para a expansão do processo de urbanização e para a definição do pólo econômico-político-cultural do país na região Sudeste. Assistiu-se, nesse momento, à expansão do ideário liberal entre os intelectuais brasileiros, cuja participação política e cultural tornou-se intensa, trazendo à tona a preocupação com a “questão nacional” e a busca de caminhos para o progresso e a modernidade.
A Psicologia, por sua vez, adquiriu no final do século passado o estatuto de ciência autônoma; processo esse originado na Europa e seguido de acelerada evolução dessa ciência não apenas em seu solo original, mas também nos Estados Unidos. Na virada do século, ocorreu intenso desenvolvimento da ciência psicológica em todas as instâncias, quer no plano teórico – destacando-se a diversidade de abordagens surgidas nessa época e o aumento significativo da produção de pesquisas –, quer no plano prático, em que esta ciência penetrou e ampliou seu potencial de aplicação.
A concomitância desses dois conjuntos de fatores e a possibilidade efetiva de estabelecimento de relações entre eles, em função da articulação entre potencialidades e necessidades, passíveis de serem mutuamente realizadas, permitiram um avanço sem precedentes na história da Psicologia no Brasil.
Os problemas que o Brasil enfrentava no século XIX tenderam, com a virada do século, a agravar-se e outros vieram a eles se somar, de tal maneira que o pensamento psicológico, já em